Piloto vimaranense conquistou o cetro reservado aos 1300 no Campeonato de Portugal de Montanha JC Group, após cinco vitórias consecutivas e consagração no Caramulo.
A época começou com um 2.º lugar, mas a partir daí José Salgado entrou num ritmo vitorioso difícil de igualar.
As vitórias nas rampas da Penha, Falperra, Serra da Estrela, Santa Marta e Caramulo selaram uma caminhada perfeita, culminando na consagração como Campeão Nacional de Montanha 1300 JC Group 2025.
A festa no Caramulo
A 34.ª edição da Rampa do Caramulo foi o ponto alto de uma temporada de sonho.
Apesar de partir como favorito, graças ao desempenho do seu Toyota Starlet — um carro já consagrado, com três títulos conquistados pelo preparador Armando Freitas —, a prova foi tudo menos fácil.
“Na primeira subida, o Aníbal Rolo surpreendeu e eu cometi um erro, um pião que me fez perder muito tempo no sábado”, recorda José Salgado.
Mas no domingo, o piloto vimaranense mostrou toda a sua garra e frieza competitiva: venceu as duas subidas que contavam para a classificação e garantiu definitivamente o título nacional. “Foi um fim de semana de emoções fortes. A responsabilidade era grande, mas a equipa deu-me um carro perfeito e conseguimos alcançar o objetivo.”
Uma carreira construída com paixão
A história de José Salgado nas corridas começou há mais de três décadas.
“Tudo começou em 1990, quando participei como navegador num Rali de Iniciados, ao lado do meu primo Albano Miranda num Renault 11 Turbo”, recorda. Mas o “bichinho” das corridas já vinha de trás, dos tempos em que acompanhava o amigo José Varela no Ralicross.
Depois de várias tentativas para competir ao volante e até um projeto falhado com um Renault 5 Turbo, o destino voltaria a sorrir-lhe em 2006, quando regressou aos ralis, novamente com o Renault 5 Turbo, agora como navegador no Campeonato Open de Ralis.
“Fizemos meia época para ganhar ritmo, e no ano seguinte conquistámos o 3.º lugar à geral. Em 2008 fomos campeões nacionais de Clássicos. Foi um período marcante da minha vida.”
Do Mini ao Toyota: o regresso à montanha
Depois de alguns anos afastado, José Salgado voltou ao volante em 2019, com um Mini R52 JCW, destinado inicialmente a track days.
“Mas o gosto pelas corridas falou mais alto. Comecei a acompanhar o meu amigo Miguel Gonçalves nas rampas e rapidamente quis experimentar também.”
A estreia aconteceu em 2021, na Rampa da Penha, ao volante de um VW Polo emprestado pelo mecânico, “um castigo que acabou em recompensa”, brinca, já que terminou 3.º à geral no regional. No final da época estreou finalmente o Mini, mas um acidente em Boticas obrigou-o a desistir.
As épocas seguintes (2022 e 2023) serviram para evoluir o carro e conhecer as rampas, embora vários problemas mecânicos, sobretudo de caixa, tenham dificultado a caminhada.
“Em 2024, na Arrábida, parti a caixa logo na primeira subida. Fiz cem metros e parei. Pensei em desistir das rampas.”
Mas dois nomes o fizeram mudar de ideias: Armando Freitas e Miguel Gonçalves.
“Convenceram-me a continuar. A rampa seguinte era a da nossa casa, a Penha, e o Armando preparou um novo desafio: um Toyota Yaris. O carro estava excelente, e foi amor à primeira curva. Terminei em 5.º lugar à geral e percebi que ainda havia muito para dar.”
O Starlet e o sonho concretizado
A ligação com Armando Freitas, um dos mais respeitados preparadores nacionais, seria determinante.
“Quando o Armando se sagrou campeão nacional de Montanha 1300 em 2024 e decidiu não fazer as duas últimas rampas, deu-me a oportunidade de correr com o seu Toyota Starlet, tricampeão nacional. Foi um desafio enorme, mas não hesitei.”
Duas rampas, duas vitórias e a confirmação de que algo grande se estava a construir: “Gostei tanto do carro que foi com ele que iniciei 2025. O resto é história: cinco vitórias consecutivas e o título nacional.”
A consagração e o futuro
No Caramulo, após a vitória e o título confirmados, a emoção tomou conta da equipa.
“Foi uma festa linda, uma sensação difícil de descrever. Quando olho para trás e vejo tudo o que aconteceu desde aquele Renault 11 Turbo até este momento, sinto que valeu a pena cada esforço.”
José Salgado fez questão de agradecer a todos os que o acompanharam nesta jornada:
“A minha equipa, a minha família, os patrocinadores — Texal Sport, Donair Portugal e Armando Sport — e todos os que acreditaram em mim. Este título também é deles.”
Para 2026, o plano é simples: “Espero voltar à montanha com o Mini R52 JCW. Continuo apaixonado por este desporto e ainda tenho muito para viver ao volante.”
José Salgado, campeão nacional da categoria 1300 em 2025, é o retrato da perseverança que define a Montanha portuguesa. Da navegação em ralis ao topo dos pódios, construiu uma carreira feita de paixão, resiliência e fé na equipa.
E se há algo que a sua história ensina é que, na montanha, quem não desiste acaba sempre por chegar ao topo.
