Numa espécie de remake do que se passara na sprint, Miguel Oliveira não teve moto para chegar ao top 10 mas pontuou pela quarta corrida seguida. Pecco Bagnaia ganhou, Marc Márquez sagrou-se campeão.
Teve uma ligeira melhoria na qualificação em relação ao que tinha conseguido fazer na segunda sessão de treinos livres, voltou a ter um contratempo que deitou por terra todas as possíveis ambições com que poderia partir para a corrida sprint. Quase como um espelho daquilo que tem sido a temporada, Miguel Oliveira não teve vida fácil este sábado no Japão, terminando na 15.ª posição após sair do 16.º posto mas ganhando cinco lugares ao longo das 12 voltas depois de ter perdido muito tempo com a queda de Jorge Martín logo na curva inicial, que levou também Marco Bezzecchi ao chão e por pouco não chegou também ao português.
“Foi uma corrida muito dura. Aconteceu tanta coisa na primeira curva e, honestamente, tive sorte em não ter sido apanhado na confusão. A partir desse momento, com o resultado já comprometido, o foco principal foi perceber como melhorar as sensações com a mota para a corrida. Acredito que temos algumas boas ideias para dar mais um passo em frente, apesar de esperar uma corrida diferente. O objetivo será trazer para casa alguns pontos”, comentou o Falcão após a corrida sprint, marcada por algumas quedas mas com essa recuperação que permitiu que fosse o segundo melhor piloto da Yamaha, atrás de Fabio Quartararo (sexto) mas à frente de Álex Rins (18.º e último a terminar) e Jack Miller (que caiu na derradeira volta).
No seguimento de uma época histórica onde já conseguira um número recorde de pontos no Mundial, o piloto espanhol da Ducati deu mais um passo importante para fechar as contas do título a seis provas do fim da temporada, com um segundo lugar na sprint atrás de um rejuvenescido Pecco Bagnaia numa corrida em que o irmão, Álex, acabou por não pontuar. Assim, as contas eram fáceis: Marc Márquez faria já a festa do campeonato caso não perdesse mais de sete pontos para o adversário direto, sendo que uma posição entre os dois primeiros lugares iria carimbar de forma automática o sétimo título no principal escalão (nono contando ainda com a vitória no Moto 3 e no Moto 2). E, pela solidez da moto demonstrada em todas as corridas até ao momento, era no arranque que poderia estar uma das decisões finais rumo a essa conquista.
Aí como no resto da corrida, não houve grandes hipóteses. E se no caso de Miguel Oliveira sobrou no final um 14.º lugar que permitiu que somasse pontos pela quarta corrida seguida, para Marc Márquez foi dia de consagração com o piloto espanhol de 32 anos a carimbar o sétimo título mundial no MotoGP de novo com o segundo lugar atrás do companheiro de equipa, Pecco Bagnaia. Houve festa, houve lágrimas, houve beijos, houve uma coroação há muito aguardada daquele que foi, de longe, o melhor piloto de 2025.
Bagnaia segurou a liderança no arranque, com Pedro Acosta em segundo e Marc Márquez em terceiro, ao passo que Miguel Oliveira manteve o 16.º lugar de onde saíra mas baixou no final da primeira volta para a 18.ª posição, atrás de Enea Bastianini e Jack Miller. Ainda na Yamaha, Quartararo chegou a rodar em quinto mas, em poucas curvas, desceu para o nono posto. De forma natural, Marc Márquez conseguiu subir ao segundo posto por troca com Acosta, sendo que algum fumo que saía da moto de Bagnaia ainda colocou a dúvida sobre a possibilidade de o espanhol poder fazer a festa com nova vitória. Não foi preciso: o italiano aguentou a vantagem, o espanhol também não forçou e Joan Mir acabou por garantir o último lugar do pódio, com Miguel Oliveira a ganhar algumas posições com o abandono de Jack Miller pelo meio para garantir mais dois pontos na retoma que está a fazer, passando para os 26 pontos no Mundial de 2025.
“Foi uma corrida com um arranque melhor, com a ausência do Ogura consegui sair do lado direito, fiz um excelente arranque mas depois lembrei-me ao travar do que aconteceu com o Martín e tentei antecipar um bocado para fazer a trajetória por dentro. Foi a corrida possível, muito difícil de ultrapassar, muito difícil manter a temperatura do pneu dianteiro baixa porque fazemos quase tudo com o pneu dianteiro e quase não usamos o traseiro. Fizemos o possível. Indonésia? Vai ser complicado porque temos um pneu com carcaça mais fina, o que é mais difícil para nós. Mas pode ser que consigamos colmatar as dificuldades. Marc Márquez? Irrepreensível. Sabíamos que com uma Ducati seria muito superior, soube esperar pelo momento, fez uma boa análise e este ano foi muito superior. É uma referência para todos, o meu ídolo é o Valentino [Rossi] mas a nível de condução é uma referência”, comentou Miguel Oliveira depois da corrida.
Texto : Bruno Roseiro
Foto: Oficial Miguel Oliveira
