Trial das Nações: quando o azar bate à porta…

A Seleção Nacional de Trial esteve presente no passado fim de semana no Trial das Nações 2024, que teve lugar em Pobladura de las Regueras, Espanha.

Uma vez mais presente no Trial das Nações, este ano a Federação de Motociclismo de Portugal fez-se alinhar, na prova realizada em Pobladura de las Regueras, Espanha, no passado fim de semana de 21 e 22 de setembro, uma Seleção Nacional dividida por duas equipas: a formação concorrente ao Troféu Internacional (Diogo Vieira, Paulo Gonçalves e Filipe Paiva) e, pela primeira vez, no ‘Challenge das Nações’ (Rita Vieira e João Silva), competição criada há dois anos e reservada a equipas mistas – sendo que o piloto masculino não pode ter mais de 18 anos de idade e moto com cilindrada até 125 cc.

As peripécias começaram no sábado, durante as verificações documentais e técnicas que tiveram lugar debaixo de chuva intensa. Duas das motos da equipa não passaram de início – uma porque a proteção da cremalheira não cobria a totalidade da mesma (era a proteção original) e a outra porque o rebordo do disco traseiro possuía reentrâncias que foram consideradas perigosas (o mesmo disco já passou em várias verificações técnicas nos TdN anteriores). Resolvidas estas anomalias, a formação lusa cumpriu os treinos regulamentares e posterior visita às zonas. Desta vez, não era autorizada a visita às zonas de moto (apenas a pé e, nas zonas mais longínquas, de carro).
O dia de sábado terminou com o desfile e apresentação das seleções numa vila distante 30 minutos da zona de prova, mas com enormíssimo apoio à nossa seleção! Em toda aquela região (província de León, norte de Espanha) habitam muitos portugueses que, em seu tempo, trabalhavam nas minas. Absolutamente incrível o apoio e carinho demonstrado às nossas seleções durante todo o evento.

No domingo, dia da prova, os pilotos depararam-se com um Trial de dificuldade muito elevada para todas as classes (mesmo depois de a organização baixar significativamente a dificuldade das zonas devido às chuvas) De notar que a seleção espanhola, que nas edições anteriores somou pouquíssimos pontos (no TdN de Gouveia em 2021 somaram apenas 1 ponto!), nesta edição averbou 42 pontos…
Pela frente os pilotos tinham 7 zonas artificiais compostas por troncos de madeira e pedra, muito escorregadias por causa da chuva, e as restantes 8 zonas desenhadas no leito do rio, sem qualquer tração, e nas encostas com grandes inclinações. Zonas e terrenos muito diferentes do Trial que fazemos em Portugal, o que provocou naturalmente alguma dificuldade de adaptação.

Na classe Challenge, o estreante João Silva, na zona 6 da primeira volta, teve uma queda para dentro do rio, submergindo a sua moto e partindo o tubo da bomba de embraiagem, o que motivou uma reparação de cerca de uma hora para retirar toda a água do motor, escape, carburador, etc., e substituição do tubo da bomba de embraiagem. No local foi impossível fazer com que a embraiagem ficasse funcional, pelo que, para não sermos desclassificados, tomámos a decisão de o João tentar fazer todo o percurso sem embraiagem e picar todas as zonas com a pontuação máxima, ao qual acresceu uma penalização por excesso de tempo. Perdemos, assim, qualquer hipótese de lutar por um bom resultado.
De aplaudir os pilotos e mochileiro, que não baixaram os braços e deram o seu melhor até ao final, mas infelizmente não fomos além do 6º e último lugar nesta classe.

Na classe Internacional, após um início de prova promissor, nas zonas do rio Filipe Paiva sofre um deslocamento do joelho e é forçado a parar a sua corrida, Com esta desistência, toda a responsabilidade recaiu sobre Diogo Vieira e Paulo Gonçalves, que tiveram um desempenho muito aplaudido, enquanto Filipe Paiva picava todas as zonas a 5 para que a seleção não fosse desclassificada.

Na segunda volta, com o piso mais seco e maior habituação, melhorámos muito a pontuação, passando para 13º lugar na frente da Letónia, mas, nas últimas zonas, dois ‘cinco’, relegaram-nos novamente para o 14º posto final na classe Internacional, entre as 18 seleções presentes, a somente 2 pontos do 13º lugar da Letónia. O Japão foi o vencedor deste Troféu Internacional. No Troféu Mundial a Espanha voltou a triunfar e, nas Senhoras, também a Grã-Bretanha revalidou o título.

As pontuações finais da equipa nacional não refletem o desempenho e o esforço das nossas seleções, que, sem os azares descritos, nos levariam alguns lugares acima, mas são assim as corridas. Toda a comitiva está de parabéns, pelo trabalho que desempenharam e que tornou esta seleção na mais coesa e com maior espírito de equipa de sempre.

Em 2025, o Trial das Nações terá lugar em Itália.

Fotos: Diogo Leitão

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