Portugal ainda pode orgulhosamente apresentar-se como tendo o campeonato de todo-o-terreno mais competitivo e espetacular de toda a Europa e muito provavelmente de todo o mundo, porém a evolução da modalidade, quer seja devido às mudanças regulamentares, evolução tecnológica das viaturas ou modificação do tecido socio-economico que a suportam, tem deixado pelo caminho algumas “vítimas”, em particular algumas que foram fundamentais para se conseguir alcançar o elevado grau de sucesso e competência de pilotos, equipas e organizações. As vítimas de que falamos são viaturas 4×4 usadas nos finais dos anos 90, início dos anos 2000, como os Mitsubishi Pajero, as Nissan Navara ou Terrano, os Toyota Land Cruiser e claro, os míticos UMM e isto só para citar alguns.
Ao longo dos últimos 20 anos, Portugal passou por mudanças de fiscalidade que quase mataram os 4×4, por uma crise económica, por uma pandemia, por mudanças sociais significativas, e por grandes alterações a nível territorial e de uso do espaço rural, mudanças que todas juntas contribuíram de uma forma ou de outra para afastar pilotos e equipas das corridas e dificultar o trabalho das organizações. Porém, nos últimos anos, o aumento de competitividade dos SSV viria a demonstrar que existem muitas pessoas que estão dispostas a apostar no todo-o-terreno, retirando prazer da participação nas provas. Primeiro foram as competições da FMP a beneficiar com a chegada dos SSV, e mais recentemente as corridas da FPAK, se bem que inicialmente estas máquinas eram mal vistas, consideradas lentas e até um estorvo que deveria estar em outro tipo de corrida. Mas a história diz que os SSV fizeram por merecer o seu lugar, aumentando de competitividade, velocidade e fiabilidade, a ponto de já ganharem corridas à geral e serem a alternativa a quem não tem recursos para um veículo T1 ou T1+ ou para quem quer participar “descansado”, mantendo ainda assim alguma ambição por um bom resultado no final da corrida. Mas o bem de uns é mal de outros, e os 4×4 tradicionais, se já antes estavam no fundo da garagem, com o sucesso dos SSV foram votados a um esquecimento forçado, algo inglório e injusto para estas viaturas que anos a fio foram fonte de tantas emoções, de sonhos e ambições, e povoaram de alto a baixo as listas de inscritos das corridas portuguesas.
A X-Adventure, ao longo também da sua existência, tem sido pioneira no campo desportivo ao criar e promover competições diferenciadas, como é o caso do X-Trophy ( resistência TT moto e moto4), do CISET 4×4 (Trial 4×4), e também do Super SSV (a única competição em Portugal exclusiva para SSV). Foi em 2012 que, pela primeira vez, a X-Adventure organizou uma prova de “bugies”, a Buggy Race, que se disputou em Coruche no formato de resistência em pista de todo-o-terreno. Mais tarde viria a mudar de designação para a atual que todos conhecemos: “Troféu Super SSV”; mais recentemente mudou de formato, para algo semelhante a um rali, deixando em “suspenso” o formato de resistência. É baseado neste longo historial de sucesso que a X-Adventure se lança agora num novo desafio destinado a todos os pilotos e proprietários dos 4×4 tradicionais ou viaturas que outrora participaram nos campeonatos nacionais. É para estes pilotos e fãs destas máquinas e também do todo-o-terreno em geral que nasce o “X-Offroad”.
Em breve será divulgado o enquadramento regulamentar, que irá definir quais as viaturas que podem ser admitidas, as classes em que irão estar divididas e quais as licenças e homologações necessárias, bem como o regulamento desportivo da competição.
Antes de avançar para “voos” mais altos, o X-Offroad irá ter uma prova zero, um teste em condições reais, e cuja data está provisoriamente marcada para o próximo mês de julho, num dos locais mais lendários do todo-o-terreno nacional. A X-Adventure tem, nos últimos meses, desenvolvido contatos a vários níveis, quer seja com pilotos e equipes, quer também com os elementos da federação, no sentido de poder viabilizar este projeto e ajudar a trazer de volta às corridas algumas das muitas máquinas que estão paradas um pouco por todo o país.
“Embora já soubéssemos que havia interesse por parte dos pilotos, ficámos agradavelmente surpreendidos com a reação das pessoas e também com a vontade de muitos de poderem voltar a conduzir os seus carros novamente em ambiente de competição.” disse-nos Luis Pirralho, diretor da X-Adventure. “Já falamos com a Federação, temos algumas arestas para limar, como seria de prever, mas encontramos boa vontade da parte da mesma e em breve iremos dar novidades a nível do que será exigido relativamente aos regulamentos, que queremos que sejam o mais simples possível.”
Quanto ao formato desportivo, o princípio é também o de manter a competição simples e acessível, pelo que será adotado um formato muito semelhante ao do Troféu Super SSV, com troços que poderão variar entre os 8 e os 20 quilómetros que os pilotos percorrerão várias vezes. Porém, para a corrida zero, “Estamos a estudar um traçado que poderá ir um pouco além dos 10 quilômetros por passagem, numa zona rápida, que servirá para darmos a conhecer o conceito aos pilotos e darmos a eles a oportunidade de acrescentarem os seus comentários para podermos ajustar o que quer que seja necessário ajustar”, acrescentou Luis Pirralho.
Os pilotos que possam vir a estar interessados em participar podem contactar a X-Adventure através do e-mail x.adventure.cch@gmail.com.
Em breve estará ativo o site oficial em www.x-offroad.pt, que irá conter todas as principais informações e documentação deste novo desafio desportivo.