FPAK Júnior Team: Como seis jovens com ‘bolsa de estudo’ preparam segundo exame no Estoril 

Pilotos começam com o Track Walk, procedimento que é feito pelos pilotos na F.1 e também de outras disciplinas com os seus engenheiros

Têm idades entre os 15 e os 22 anos, são oriundos do karting e ambicionam fazer carreira nos automóveis em circuito. Candidataram-se e foram escolhidos para integrar as fileiras do FPAK Júnior Team, um projeto sem paralelo na história do desporto motorizado português que a Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting implementou a partir de 2023 e que visa descobrir e impulsionar a carreira de jovens pilotos. Os seis eleitos na Velocidade, Henrique Moura Oliveira (15 anos), Henrique Ventura Oliveira (15 anos), João Oliveira (17 anos), Rodrigo Ferreira (22 anos), Rodrigo Santos (17 anos) e Rúben Silva (20 anos), depois de terem iniciado a época na pista espanhola de Jerez de La Frontera, onde arrancou o Campeonato de Portugal de Velocidade/Iberian SuperCars, competição a que o FPAK Júnior Team de velocidade se encontra agregado, voltam à ação na pista do Autódromo do Estoril (13/14 julho), no Estoril Summer Party.

E, à semelhança do sucedido na época transata, os seis jovens pilotos são acompanhados por um “coach” de reconhecidos méritos e detentor de vasta experiência, como o ex-piloto César Campaniço, que fez carreira internacional tanto nas fórmulas como nos GT e nos Turismos.

“O facto de todos eles virem do karting confere-lhes alguma noção das corridas, mas eu próprio, que também fiz essa transição, sei quão grande é o salto dos karts para os automóveis, que são quatro ou cinco vezes mais pesados e têm muitíssima mais potência. Se um kart pode andar a 150 km/h, estes carros, como o Ginetta G40, podem atingir os 230 km/h. É tudo muito diferente, desde as distâncias de travagem até à técnica de aceleração ou mesmo a própria dimensão das pistas. Está tudo em proporção, face a uma realidade de mundos diferentes. Onde eles se cruzam é na situação de corrida e isso ajuda um pouco estes jovens sem experiência numa grelha de 40 carros, embora necessitem de estar sempre muito atentos, naquilo que é uma descobertura permanente”, adianta Campaniço, falando do seu trabalho com os pilotos, que antes de cada corrida começa, como agora sucedeu esta última quinta-feira, com o Track Walk, ou seja, uma volta a pé à pista para análise de detalhes das curvas e dos corretores. É também nesse momento que se aborda a relação de caixa de velocidades mais adequada para cada curva. Regra geral, nesse reconhecimento do traçado, como sucede na Fórmula 1 e noutras disciplinas, inclusive para constar se algo foi alterado, o piloto é acompanhado do respetivo engenheiro, mas no caso do FPAK Júnior Team cabe a César Campaniço fazer esse trabalho. “Para quem tem pouca experiência, todos os detalhes fazem a diferença…”, sublinha.

Havia uma grande preocupação no arranque da época, em Jerez de La Frontera, atendendo a que a pista está classificada como de alto nível de dificuldade, mesmo para pilotos profissionais, por ser de alta velocidade e exigir uma elevada confiança nas partes rápidas. “Notou-se bem quem tinha mais confiança com o carro nas curvas de alta velocidade, embora no final já todos estivessem muito próximos”, recordou Campaniço, para lembrar que os seis jovens apenas completaram cerca de 15 voltas ao Estoril antes de seguirem para Espanha. “O principal objetivo desse teste foi ensinar-lhes como funcionar com a caixa de velocidades e a embraiagem, até porque a maioria deles, por serem ainda de menor idade, não têm carta de condução. O Ginetta é um bom carro e dá a sensação de segurança, mas a sua caixa de velocidades manual obriga ao uso da embraiagem, o que em competição pode ser ainda um pouco mais complicado para quem não possui experiência”, referiu ainda o “coach” do FPAK Júnior Team de Velocidade, não deixando de salientar o bom desempenho dos seus pupilos, aprovados com distinção no primeiro e exigente “exame”.

Num grupo de seis pilotos em que quatro não têm ainda carta de condução e num universo de diferentes graus de maturidade, Campaniço é um gestor de recursos empenhado em responder a todas as solicitações, mas priorizando sempre as necessidades de quem possa, em certos momentos, expressar maiores dificuldades. “Acima de tudo, analiso a telemetria e visiono os vídeos, dizendo aos jovens onde podem melhorar o seu desempenho. Às vezes não é fácil, com seis vídeos e seis telemetrias, mas tem corrido tudo bem”.

O “coach” do FPAK Júnior Team de Velocidade não esconde o orgulho pelo sucesso alcançado por este projeto da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting logo em 2023, quando foi incluída a Velocidade. “Quase todos os quatro pilotos da época passada estão a correr este ano nos automóveis e o objetivo era precisamente esse. Antigamente não havia quem facilitasse, digamos, o trajeto de quem transita dos karts para a velocidade, como nem está muito implementada em Portugal a função do coach, ao contrário do que sucede lá fora, na fórmula 4 ou fórmula 3. Este é um trabalho muito importante, porque os jovens pilotos oriundos do karting começam nos carros cada vez mais cedo e caso não sejam bem orientados podem vir a sofrer grandes sustos, entre outros problemas, e a segurança deve estar acima de tudo”, concluiu.

E quais serão as primeiras impressões dos seis jovens pilotos do FPAK Júnior Team de Velocidade?

HENRIQUE MOURA OLIVEIRA (15 anos/8 épocas de karting):

“Até agora está tudo a correr bem e os resultados correspondem às expetativas. A adaptação ao carro tem sido fácil e esta experiência é aliciante”.

HENRIQUE VENTURA OLIVEIRA (15 anos/3 épocas de karting):

“Ambiciono adquirir experiência e embora queira sempre ganhar, estou consciente de que nesta fase a evolução é o mais importante. Quero continuar nos automóveis e esta iniciativa da FPAK é fantástica”

JOÃO OLIVEIRA (17 anos/10 épocas de karting):

“Tenho aprendido bastante, graças à ajuda da equipa e do ‘coach’. A ideia será continuar a evoluir o mais possível, para poder construir uma carreira nos automóveis. Está a ser gratificante e a corresponder ao que eu esperava”.

RODRIGO FERREIRA (22 anos/14 épocas de karting):

“Esta iniciativa da FPAK, com uma excelente organização, está a ser fantástica, com excelentes apoios, tanto da equipa Monteiros Competições como do César Campaniço. E o Ginetta G40 é ótimo, e relativamente fácil de conduzir, para a introdução dos jovens no mundo da competição de velocidade”.

RODRIGO SANTOS (17 anos/9 épocas de karting):

“É uma realidade com dimensão bem diferente. Não estava habituado à embraiagem, mas tem sido uma experiência entusiasmante e que está a corresponder às minhas expetativas”.

RÚBEN SILVA (20 anos/12 épocas de karting):

“Tem sido bastante interessante, a começar, em Jerez, pela adaptação ao carro e não só, tal como o ambiente na equipa Monteiros Competições e a interação com o César Campaniço. Evoluir e desfrutar será o meu objetivo”.

Este fim de semana, no Autódromo do Estoril, as três duplas do FPAK Júnior Team de Velocidade, constituídas por Rodrigo Ferreira/Henrique Ventura Oliveira, Rodrigo Santos/Rúben Silva e Henrique Moura Oliveira/João Oliveira não passarão, certamente, despercebidas com os Ginetta G40 preparados e assistidos pela equipa Monteiros Competições. As duas corridas, com a duração de 45 minutos, estão agendadas para domingo, com início às 11:05 e 16:55, respetivamente, sendo obrigatória uma paragem nas boxes para troca de pilotos.

Fotos: FPAK/Nuno Organista

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