A tradição cumpriu-se uma vez mais no passado fim de semana com a disputa de mais uma espetacular edição do CISET 4×4 Couço, que regressou novamente à nascente do Rio Sorraia para disputar uma das mais singulares e desafiadores provas de Off-Road de toda a Península Ibérica. Contando com a presença dos principais pilotos que habitualmente lutam pelas vitórias nas provas do CISET 4×4, a prova Ribatejana atraiu ainda algumas duplas que apenas têm feito participações esporádicas, mas eles ainda assim não quiseram ficar de fora da festa.
Esta edição de 2024 ficou marcada por uma adaptação das travessias do Rio , mais curtas e com menos profundidade , respondendo ás solicitações das equipas preocupadas sobretudo com a fiabilidade de alguns componentes elétricos e eletrónicos dos seus veículos. Ao contrário do que esta modificação possa fazer parecer, a espetacularidade da prova manteve-se pois as equipas puderam assim cruzar o rio a maior velocidade, erguendo verdadeiras paredes de água.
O prologo disputado no sábado serviu como um pequeno aperitivo para a grande corrida de domingo, pois o traçado escolhido para este primeiro dia continha apenas uma “ida e volta” de uma margem á outra e era isento de obstáculos na parte alta do trajeto. As equipas Ziggaworks (Super Proto), GS Team / Boop (Proto) e F-Performance (Promoção) foram as que realizaram os tempos mais rápidos, conquistando o privilégio de arrancar do primeiro posto da grelha de partida para as longas provas de resistência disputadas no domingo.
Terminada a parte competitiva do primeiro dia de prova, houve oportunidade para alguns momentos de descontração e convívio durante na vila do Couço na qual decorria a 38ª edição da Semana da Arte Cultura e Desporto, e onde teve lugar um concerto do artista David Antunes.
O dia de domingo acordou solarengo e com o calor do verão a fazer sentir-se “o quanto baste”, perfeito para um dia de corridas. A manhã revelou também o percurso da resistência com mil e setecentos metros de extensão, com muita água, areia, zonas de muito pó e vários obstáculos artificiais que inicialmente se mostraram difíceis, mas que como é habitual foram gradualmente tornando-se menos complicados. Agora sim, a prova do Couço começava verdadeiramente, com duas horas de prova de resistência para a classe Promoção, e duas horas e meia para as classes Proto e Super Proto. No entanto o “Couço” é especial por muitos mais motivos, e dois deles são as maratonas CISET Masters e CISET Masters XL. Para a classe Proto, após a resistência regulamentar segue-se mais uma hora e trinta até concluir o total de quatro horas de corrida que compõem a maratona CISET Masters. Já os Super Proto são colocados perante um desafio de seis horas – O CISET Masters XL. Esta é a prova mais dura de todo o calendário, em que o verdadeiro obstáculo é a sua longa duração testando mental e fisicamente as equipas como nenhuma outra, ao mesmo tempo que sujeita as maquinas a uma exigente prova de fiabilidade.
Ás dez da manhã os Super Proto receberam a bandeira verde, arrancando em direção ao primeiro “banho” do dia. Como manda a tradição é primeira volta é sempre algo complicada, quer seja na escolha das melhores linhas para cruzar o rio, na eleição o ponto certo para sair sem ficar atascado, ou no confronto com os obstáculos da parte seca habitualmente nefastos e aptos a causar alguns momentos de emoção. E assim á boa maneiro do Couço tudo correu como esperado: o uso do guincho foi imprescindível para todas, algumas equipas puderam ver a água acima do capot dos seus carros, e houve mesmo quem pudesse verificar o bom estado da parte inferior do seu veiculo depois de capotar dentro de um obstáculo.
Feito o primeiro contacto com a pista, e agora já com todos bem conscientes daquilo que a mesma tinha para oferecer em termos de dificuldades, as equipas foram gradualmente ganhando confiança e a somar voltas, dadas a um ritmo cada vez mais rápido interrompido de vez enquanto por um ou outro atascanço nas areias do rio ou por uma saída de um dos obstáculos secos mais complicada. Para que estava a assistir, o ritmo crescente da corrida permitia assistir a passagens cada vez mais espetaculares dos concorrentes, numa invulgar sequência de banhos de água intercalados com banhos de pó. Uma vez alcançada a marca das duas horas e trinta foi mostrada a bandeira de Xadrez que assinalava o final da prova de Resistência do CISET 4×4 Couço 2024 para a classe Super Proto. A dupla António Henriques e Miguel Costa, ao volante do Proto XS 5 do Team Lucrofusão mostraram não só ser uma das equipas mais espetaculares, mas também a mais eficaz, terminando com dezoito voltas realizadas. Em segundo lugar terminou a equipa TrialCars.pt (João Rebelo / Nuno Silva ) que conseguiu dar dezasseis voltas ao percurso, mostrando que o Crawler Wrangler V8 mesmo sendo a gasolina não teme a água. O pódio provisório ficaria completo com o Team Base Branca 4×4 (Rodrigo Matos / Tiago Campelo), também com um Super Proto a Gasolina que deste inicio mostraram um andamento algo “contido” face aquilo que o seu Crawler Mercedes pode fazer, apostando na regularidade como estratégica vencedora.
A classe Proto arrancou em segundo lugar para este desafio, porém o GS Team / Boop viu-se sem concorrência, e assim optou naturalmente por andar de uma forma mais descontraída, assegurando que retirava o máximo de diversão da corrida e da pista mas sem que isso significasse uma hipotética desistência ou avaria no carro causada por algum momento de maior entusiasmo.
A classe Promoção arrancou em último, mas provavelmente até terá sido a mais espetacular. Os seus carros de características bastante mais normais e prestações bem mais modestas que os Proto ou Super Proto enfrentaram um percurso menor, com menos obstáculos na parte seca, isto apesar de partilharem alguns desses mesmos obstáculos e grande parte da pista na zona do rio. Por estranho que pareça, nesta corrida menos potência é algo bem vindo, pois as travessias do rio foram sempre muito mais fáceis para esta classe uma vez que carros cavam menos a areia e são menos propensos a atascanços dos que os das classes superiores. O problema para alguns é que também atascam e uma vez enterrados certamente desejariam ter pouco da potencia e altura extra sobretudo dos Super Proto.
Espetaculares todos foram, mas algumas equipas realmente entravam nas zonas de água de alma e coração, proporcionando imagens fantásticas. Conseguindo conjugar a espetacularidade com a eficácia, a dupla Luis Silva / Tiago Ramos (Team Bichos do Mato) superou algumas adversidades a nível da mecânica do seu carro e completou umas incríveis vinte e cinco voltas ao percurso vencendo assim na classe. Mais discreta foi a prestação do Evolution Team, que com vinte e quatro voltas terminou a resistência em segundo lugar, mas já o tínhamos dito, que esta equipa é dona de um andamento consistente e eficaz, e este resultado é o espelho dessa postura em pista. O Evolution Team tem ainda as particularidades de ser uma equipa mista com Ricardo Pereira ao volante e Alexandra Pereira como navegadora, e ser também a dupla de “pilotos novos” com mais idade em prova.
A completar o pódio provisório da classe Promoção ficou o team F-Performance de Fábio Almeida e Hugo Sobreiro, sempre muito espetaculares em pista e que conseguiram somar 23 voltas.
Feito o somatório dos dois dias de prova, os grandes vencedores do CISET 4×4 Couço 2024 são na Classe Promoção o Team Bichos do Mato, na classe Proto o GS Team / Boop e na classe Super Proto o Team Lucrofusão, que somou ainda a vitória na subclasse Super Proto Diesel. Nos Super Proto a gasolina venceu o Team TrialCars.pt.
Com a prova “principal” resolvida, as equipas Proto e Super Proto continuaram a sua aventura, agora nas provas “Master”. Se na prova “CISET Masters”, a vitória do GS Team / Boop surge com naturalidade, que cumpriu os seus objetivos sem grande sobressaltos, na prova “CISET Masters XL” as coisas foram bem mais animadas. Á medida que o relógio ia dando voltas, também o Team Lucrofusão ia passando uma e outra vez por baixo do arco de meta, num ritmo crescente e sem quaisquer tipo de problemas no seu Proto que parecia completamente indiferente á agua, areia ou buracos. Dizer que somaram quarente a uma voltas poderá significar pouco para quem não assistiu, mas quem esteve presente tem na memoria as fantásticas passagens desta equipa e as suas entradas na agua completamente a fundo que proporcionaram imagens épicas. Ao mesmo nível esteve a equipa Ziggaworks, e caso não fossem os problemas na fase inicial que assolaram proto tripulado por Cristiano Afonso e Miguel Batista , talvez o resultado final tivesse sido outro. O tempo que perderam no inicio da corrida foi determinado, e apesar de uma fase final em força, não conseguiram ir além de trinta e oito voltas ao traçado, o que ainda assim é notável. A fechar o pódio desta “Super-Corrida” ficou a equipa Rafael & Gomes, composta pela dupla Rafael Gomes e Luis Pedro, que durante as seis horas de competição conseguiram completar trinta e seis voltas.
O balanço feito pela organização é à semelhança das edições anteriores positivo considerando que: “Esta é uma das provas mais trabalhosas de todo o calendário, senão a mais trabalhosa de todas. O nivel de exigência é muito alto, e temos que ter tudo muito bem preparado para acolher todas estas equipas e o muito publico nas condições que merecem. Antes da prova ouvimos as equipas, e penso que perceberam que fizemos um esforço no sentido de acolher as suas opiniões. Quero deixar um agradecimento muito sincero ás equipa participantes, aos nossos parceiros todos, a quem nos ajudou nesta edição do CISET 4×4 Couço e a todos aqueles que tiveram disponibilidade para virem até ao Couço assistir á prova. Agora vamos arrumar e limpar todo o recinto, e logo de seguida começar a preparar outra prova emblemática: O CISET 4×4 São Vicente, na Ilha da Madeira”