De 27 a 30 de junho, mais de três dezenas de automóveis de outras eras, oriundos de Portugal, Espanha e Inglaterra, desfilaram pelas estradas da beira, percorrendo os quase 400km de uma corrida idealizada por Tavares de Mello em 1903. Ligando Guarda, Coimbra e Castelo Branco, a recriação histórica do Clube Escape Livre repetiu o sucesso da primeira edição e promete voltar em 2025.
Foi na pequena aldeia do Casteleiro, no Sabugal, que a caravana do Circuito das Beiras by Bridgestone / First Stop se juntou. À porta do solar da família Tavares de Mello, com a presença dos seus descendentes, o tempo parecia ter voltado atrás e estávamos outra vez em 1903. As máquinas de outros tempos iam chegando e colocando-se ao lado do Darracq do Museu do Caramulo, automóvel idêntico ao que José Caetano Tavares de Mello usou para vencer o Circuito das Beiras há 121 anos.
Com os atores do grupo de Teatro Hereditas a vestir os papeis de Tavares de Mello e da sua esposa, o início desta aventura começou como em 1903, com o protagonista a sair de sua casa, subir a bordo do Darracq e partir rumo a Coimbra. Nascia o Circuito das Beiras que, pelo segundo ano consecutivo, o Clube Escape Livre celebra numa aventura de quatro dias pelas estradas beirãs, desfilando com magníficas máquinas e os seus pilotos.
Juntos à mesa no Casteleiro, num repasto tradicional que contou com a presença de Vítor Proença, Presidente da Câmara do Sabugal e de Vitorino Fortuna, Presidente da Junta do Casteleiro, todos os participantes tiveram o primeiro contacto com a farta gastronomia regional da beira e os seus preciosos néctares, em especial as equipas que nos visitaram de fora do país, vindas de Espanha e Inglaterra.
Depois, tempo para fazer soar os motores de preciosidades como os três Alvis de 1933 e o Aston Martin DB2 de 1951, vindos de Inglaterra, o Packard 120B de 1937 e o MG TD de 1952, vindos de Espanha ou o MG J2 e o Fiat Balila, ambos de 1932 e inscritos por portugueses, num belo percurso até à Guarda, passando pelo Castelo do Sabugal e terminando com nova visita encenada ao centro histórico da cidade mais alta. Nenhum olhar ficava indiferente à passagem da caravana!
Ao jantar, Roberta Cruz, da Bridgestone, deu as boas-vindas a todos os participantes e aproveitou a ocasião para sortear, entre todos, algumas ofertas muito especiais da marca. Depois, tempo de retemperar energias para partir, na manhã seguinte, para a primeira etapa que iria ligar Guarda a Coimbra.
Escape Livre também celebra os 121 anos da primeira corrida de “motocicletas”
Com a chuva a abençoar o arranque, o Circuito das Beiras by Bridgestone / First Stop alinhou atrás do arco da linha de partida colocado à porta do Hotel Versatile, na Guarda. A juntarem-se aos automóveis, estavam agora várias motocicletas antigas, presentes para celebrar também aquela que foi a primeira corrida de motocicletas em Portugal e que ligou, precisamente, Guarda a Coimbra. Entre elas uma Round Tank de 1926 do Museu do Caramulo e uma Ural Sidecar de 1959. Esta última acabaria por percorrer todo o percurso do Circuito das Beiras, enfrentando, como muitos dos clássicos sem capota, a intempérie que se fez sentir durante a tarde de sexta-feira.
Mas nem a chuva abrandou o ritmo dos aventureiros que partiram da Guarda, rumaram a Seia e ao Kartódromo da Serra da Estrela. Após a visita, desfrutaram de um belo repasto no Museu do Pão e seguiram pela Estrada da Beira até Coimbra. Ali, com as máquinas expostas na Praça da República e já com a presença de Carlos Lopes, vereador do desporto da Câmara Municipal de Coimbra, os participantes subiram à Universidade para uma visita guiada aos locais emblemáticos daquela vetusta instituição, antes de um merecido descanso.
Sábado de manhã, a caravana de mais de trinta e cinco automóveis clássicos e mais de oito dezenas de participantes não se deixou intimidar pela bruma matinal e partiu da porta do Vila Galé Coimbra rumo a Castelo Branco, já acompanhados dos derradeiros inscritos na prova, o Peugeot Bebé de 1914, o Minerva de 1923 e o Morris Cowley de 1925.
Pelo caminho, paragem nas ruínas de Conimbriga para uma visita guiada a outros tempos da história do mundo e a difícil subida até às Fragas de São Simão. Tudo antes do almoço típico na Sertã, que contou com a presença de Barros Rodrigues, historiador e autor do livro “O Circuito das Beiras e o espírito visionário de José Caetano Tavares de Mello” que foi oferecido a todos os participantes, e Vítor Farinha da Câmara Municipal da Sertã.
À chegada a Castelo Branco, e já acompanhados por alguns automóveis do Clube de Automóveis Antigos de Castelo Branco, a caravana desfilou pelo centro da cidade e as máquinas históricas mostraram que ainda estão aí para as curvas numa prova de perícia junto à Câmara Municipal.
Para gáudio do muito público presente, estas relíquias mostraram a sua destreza e potência antes de ficarem expostas no Campo Mártires da Pátria. Já com a presença de Leopoldo Martins Rodrigues, Presidente da Câmara de Castelo Branco, os participantes brindaram à conclusão da segunda etapa, já com São Pedro a deixar que Sol e o céu azul dessem um ar da sua graça.
A noite foi de repouso para recuperar máquinas e aventureiros para a derradeira etapa do Circuito das Beiras by Bridgestone / First Stop, que ligaria Castelo Branco à cidade da Guarda.
Um grande desfile fechou o Circuito das Beiras na cidade mais alta!
Com o último dia a amanhecer solarengo, os aventureiros deixaram o Meliã Castelo Branco, onde receberam uma oferta da Câmara Municipal de Castelo Branco, rumo à Guarda. Pela frente a EN18 e as belas paisagens das beiras que um céu azul deixava apreciar em toda a sua plenitude.
Depois de uma visita guiada à belíssima Aldeia Histórica de Castelo Novo, a caravana de clássicos iniciou a subida até ao centro da cidade da Guarda, onde vários entusiastas locais dos automóveis clássicos juntaram os seus extraordinários exemplares antigos à caravana do Circuito das Beiras by Bridgestone / First Stop. Reuniram-se, assim, para um desfile pela cidade que teve início junto à Câmara Municipal da Guarda. Sérgio Costa, Presidente da Câmara Municipal da Guarda seguiu a bordo do fantástico Berliet de 1926 do Museo de História de la Automoción de Salamanca.
O almoço de encerramento assinalou o final feliz desta reconstituição histórica da prova idealizada por Tavares de Mello há 121 anos. A entrega do troféu SPAL e as lembranças da Câmara Municipal da Guarda, Bridgestone, First Stop e Valorpneu, anteciparam as despedidas, mas as recordações desta emocionante aventura perduram na memória dos participantes, nos conta quilómetros destas máquinas históricas e nas fotografias de todos os que se cruzaram com a caravana ao longo destes dias.
Para Luís Celínio, “o Circuito das Beiras by Bridgestone / First Stop regressará em 2025 para continuar a relembrar a história dos automóveis em Portugal, trazendo muitas novidades e a mesma paixão de sempre. Claro que não será fácil repetir a presença de tão raros exemplares da indústria automóvel. Porém, esse será o nosso desafio assim como para as Câmaras de Guarda, Coimbra, Castelo Branco e Sabugal, que desejam transformar este evento em cartaz turístico da região.”