O próximo dia 12 de julho promete ser histórico para os apaixonados do todo-o-terreno em Portugal. A vila do Couço, Coruche, vai receber a primeira prova de sempre do novo X-Offroad, uma competição pioneira que procura trazer de volta às pistas as viaturas que marcaram gerações e fizeram do Campeonato Nacional de Todo-o-Terreno o melhor do mundo.
Esta nova iniciativa é da responsabilidade da X-Adventure, entidade já conhecida pelo seu dinamismo na promoção do desporto motorizado, e surge com um objetivo claro: dar nova vida às viaturas 4×4 clássicas, nomeadamente das classes T8, T9, T0 e TA, que durante décadas foram o coração da modalidade em Portugal.
Ao longo dos anos, estas máquinas — que iam desde as que eram preparadas por apaixonados, a outras que pertenciam a equipas com estatuto de “equipa de fábrica” — foram protagonistas de momentos épicos no panorama nacional e internacional. A sua presença foi fundamental para a afirmação do todo-o-terreno português, fazendo do todo-o-terreno a modalidade de automobilismo mais popular em Portugal. São incontáveis os momentos épicos e carregados de emoção que estas viaturas proporcionaram, não só entre participantes, mas também entre a vasta legião que era o público. De fora de Portugal, olhava-se para cá com respeito e admiração, mas também com algum receio do confronto, dada a rapidez e qualidade dos pilotos locais que, com orçamentos muito menores, faziam maravilhas ao volante destas “gloriosas máquinas quase voadoras.”
Contudo, com a evolução técnica, alterações nos regulamentos, as alterações do regime fiscal dos 4×4, as opções das marcas e vários outros fatores dispersos ao longo dos últimos anos, contribuíram para que estas viaturas fossem sendo gradualmente afastadas da competição, relegadas para o fundo das oficinas, esquecidas em garagens ou apenas largadas à sua sorte num espaço qualquer. Por fim, a chegada dos SSV, que já dominam o nosso campeonato e que até já colocam em risco a posição dos fantásticos T1+ terá sido como que um golpe de misericórdia para os “mais velhos”, pois apesar do seu valor competitivo, histórico e emocional, deixaram de ser opção para quem quer fazer corridas de todo-o-terreno e quase desapareceram das listas de inscritos, com a honrosa exceção das 24 horas TT, onde alguns ainda teimam em aparecer.
Foi precisamente para corrigir essa lacuna que nasceu o X-Offroad, que mais do que uma competição, pretende ser um tributo à história e um reconhecimento do mérito destas máquinas. A prova do Couço servirá como um ensaio geral para um futuro troféu exclusivo para viaturas clássicas 4×4, que poderá vir a integrar o calendário nacional na próxima época. A organização pretende dar a conhecer o formato a equipas, pilotos, parceiros e entidades responsáveis, para que depois, baseado nesta experiência e com o contributo de todos, se possa avançar para algo mais ambicioso.
Graças ao empenho da X-Adventure e à abertura demonstrada pela FPAK (Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting), foi possível criar um formato simples, acessível e competitivo, baseado na experiência adquirida com o Troféu Super SSV, também criado e desenvolvido pela mesma equipa, e que é a única competição em Portugal destinada exclusivamente aos SSV. O formato da prova é significativamente diferente das Bajas tradicionais e também das provas de resistência 4×4, disputando-se neste caso, num único troço com aproximadamente 14 quilómetros, e será composta por 2 setores, e cada um desses setores terá até um máximo de 4 especiais de classificação, permitindo assim que os participantes usufruam ao máximo da condução das suas viaturas, sem desgaste excessivo das mecânicas.
O percurso inclui a emblemática travessia do Rio Sorraia, um local que faz parte da memória coletiva dos fãs da modalidade. Muitos terão ainda na memória as passagens espetaculares das Bajas 1000 e do Rali Transibérico, e sabem que este é um cenário carregado de tradição e emoção. Neste caso, a travessia será simples e acessível, sendo apenas para “molhar” e não para “mergulhar”. O restante traçado está desenhado para valorizar a fluidez, a diversão e garantir a fiabilidade das máquinas, sem zonas extremas ou técnicas que penalizem a mecânica.
Importa ainda referir que o X-Offroad Couço 2025, que se disputa no sábado, dia 12 de julho, está inserido num programa mais amplo — o Festival Off-Road Trial Couço 2025 — que se prolonga por dois dias e promete transformar a vila num verdadeiro centro da cultura 4×4. No domingo, dia 13, terá lugar o CISET 4×4 Couço 2025, uma das provas mais emblemáticas do calendário de trial ibérico, considerada por muitos a verdadeira festa anual da modalidade. Assim, são muitos os motivos para os amantes dos veículos todo-o-terreno e do desporto motorizado rumarem a Couço neste fim de semana único.
O número de inscrições está agora limitado a 35 viaturas, uma decisão pensada para garantir a melhor experiência possível a todos os participantes. Face ao grande interesse já demonstrado, a organização recomenda que os verdadeiros interessados garantam a sua inscrição o quanto antes. O regulamento da prova, assim como a ficha de inscrição, estão disponíveis no site oficial: www.x-offroad.pt.
Esta é uma oportunidade única para os proprietários e entusiastas destas viaturas voltarem a dar-lhes uso em ambiente competitivo e partilharem com o público e com outros pilotos a paixão pelo verdadeiro espírito do todo-o-terreno.
A organização agradece à FPAK, às autarquias locais, aos parceiros institucionais e privados, e a todos aqueles que acreditaram neste projeto e tornaram possível a sua concretização. O X-Offroad Couço 2025 é o início de uma nova fase — uma fase que respeita o passado, valoriza a tradição e abre portas a uma nova vida das viaturas 4×4 clássicas.
Dia 12 de julho, em Couço, os clássicos voltam à ação. E com eles, regressa também uma parte essencial da história do todo-o-terreno em Portugal.