Aos 16 anos, Martim Pereira, o benjamim do FPAK Júnior Team de Montanha (FJTM) 2024, teve uma estreia auspiciosa no desporto automóvel e venceu de forma incontestável a iniciativa promovida pela Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting para apoiar a descoberta de novos talentos. O jovem nascido na Póvoa de Varzim e filho de Martine Pereira, piloto de reconhecidos méritos na Montanha e não só, subiu ao lugar mais alto do pódio nas cinco rampas do calendário da FJTM: Murça, Falperra, Santa Marta, Boticas e Serra da Estrela.
Estudante da área de Ciências, desde miúdo que Martim se deixou apaixonar pelas corridas, ao viver a carreira do pai, o seu primeiro ídolo e piloto modelo nas competições de Montanha. Esta foi apenas a época de estreia no automobilismo do jovem que faz planos para vir a ser piloto de aviação comercial, mas sem colocar em segundo plano uma carreira no automobilismo.
Martim, que fará 17 anos em março de 2025, confessa encontrar-se ainda numa fase de descoberta, ansiando pela hora de experimentar a velocidade em circuito e também os ralis.
– Como teve início a história, e de quem partiu a iniciativa, de participar no FJT de Montanha?
“A partir de um telefonema do Ni Amorim ao meu pai, dando-lhe conta de que a FAPK, à semelhança do sucedido nos ralis e na velocidade, ia lançar em 2024 o FPAK Júnior Team de Montanha. E sugeriu que seria uma boa oportunidade para eu me iniciar nas provas de montanha. O meu pai mostrou-se recetivo, considerando ser um ótimo primeiro passo para eu começar a minha carreira”.
– O Martim já conhecia alguma rampa em particular?
“Não, na realidade eu não conhecia o traçado de qualquer rampa, muito embora acompanhasse o meu pai às provas desde a minha infância, só que ficava do lado de fora e apenas vivenciava o ambiente.”
– Ainda sem carta de condução (16 anos), como é que preparava as provas?
“Só agora estou a tirar a licença de condução e para treinar as rampas sentava-me no lugar do passageiro, era o que tinha que ser. É completamente diferente subir uma rampa ao volante ou no sentado no lugar do lado direito. O ‘feeling’ não tem nada a ver…”
– Antes de cada prova “trabalhou” com vídeos de edições anteriores para conhecer melhor os traçados?
“Sim, até porque os engenheiros da equipa Befast enviavam sempre vídeos das diversas rampas feitas com carros similares ao Citroen C1, para eu ter a noção não só do traçado, mas também das velocidades a nível de caixa. De resto, eu também ia sempre com o meu pai treinar a rampa uma semana antes e colocávamos um vídeo a gravar. Depois, durante a semana, sempre que tinha oportunidade dava uma olhada nas imagens, para reavivar a memória e preparar melhor a prova do fim de semana”.
– Qual foi a recomendação mais importante dada pelo pai Martine?
“Não ter medo de bater! Ou seja, se tiver que ser para bater… é para bater. Isto porque, quanto a mim, se estivermos com aquele receio de que podemos bater ou errar, nunca vamos conseguir superar as nossas expetativas!”
– Cinco provas igual a cinco vitórias reflete o que? Uma superioridade incontestável ou, acima de tudo, o resultado de muito trabalho e empenho colocados na preparação de cada uma delas?
“Os meus adversários já tinham alguma experiência por terem participado em corridas, e julgo que a vitória que conquistei foi fruto do meu trabalho, porque sempre que tinha oportunidade e tempo livre, ou estava no karting ou no simulador, para não perder o ‘feeeling’. Procurei estar sempre ativo, em termos de competição, ao longo da época e acho que isso também me ajudou a nível de performance”.
– Das cinco rampas, qual a mais exigente ou complicada e porquê?
“Para mim, a Rampa da Falperra foi uma das mais difíceis, porque bati no sábado e na sequência do acidente fiquei com uma entorse no pulso. Quase que nem conseguia, sequer, levantar um copo de água nessa noite e no dia seguinte disputei os treinos e as subidas de qualificação com a mão bastante inchada. A verdade é que com a adrenalina, na hora de começar a correr, e isso não deixa de ser curioso, já nem sentia nada. Claro que essa rampa foi um pouco complicada, em termos físicos, até pela sua extensão. Mas há outras que não foram fáceis, como Murça, talvez pelo calor elevado que se fazia sentir, e a da Serra da Estrela, devido à chuva e ao frio. Tenho dificuldade em definir qual a rampa mais exigente…”
– Para si, qual foi o momento-chave da temporada?
“A minha primeira vitória, conquistada em Murça, foi muito importante, porque a partir daí fiquei com muito mais vontade, muito mais tranquilo e com a certeza de que tinha capacidade para discutir os lugares do pódio. Esse triunfo deu-me uma grande confiança. Se não ganhasse essa primeiro prova, talvez não ficasse tão motivado e era capaz de nem ter alcançado os resultados que consegui nas etapas seguintes”.
– E agora, o futuro do Martim Pereira no desporto automóvel continuará a passar pela Montanha ou está de olho nos circuitos?
“Ainda não sei, estamos a analisar. Em princípio, irei continuar a competir na Montanha e no FPAK Júnior Team, caso seja possível. Contudo, se a família conseguir ajudar, gostaria de passar pelos circuitos, mas também adorava experimentar os ralis. É que eu gosto do desporto motorizado em geral e, primeiro, adorava conhecer um bocadinho de tudo e só então, depois, focar-me numa disciplina. Quase de certeza, caso surgisse a oportunidade, que optaria pela velocidade em circuitos”.
– Qual é o seu sonho enquanto jovem piloto?
“O meu sonho é vir a ser profissional do desporto automóvel. Mas desde que consiga conciliar o meu trabalho com as corridas, para mim será fantástico… um sonho tornado realidade”.
Fotos: FPAK/Zoom Motorsport