- Veículos 4×4 foram a primeira linha no apoio às populações
“Antes de mais, expressamos nossos sentimentos mais profundos e solidários às famílias e amigos das vítimas desta tragédia que assolou a cidade de Valência. A quantidade de água que caiu num tão curto espaço de tempo provocou uma devastação que ninguém poderia prever. Estamos ao lado de todos que enfrentaram perdas nesta tragédia.
Gostaríamos, também, de destacar o desempenho extraordinário dos veículos 4×4 nas primeiras horas desta catástrofe. Num cenário caos absoluto, foi graças à capacidade de algumas viaturas especialmente equipadas (pneus de lama e snorkel, etc) que várias pessoas puderam ser socorridas e levadas para áreas mais seguras, reforçando o papel essencial destes veículos em situações extremas e de difícil acesso.
Contudo, os proprietários de veículos 4×4 (em Portugal e não só) enfrentam uma burocracia exagerada e complexa, que muitas vezes coloca mesmo em causa a possibilidade de uso desses equipamentos. Devido a inspeções rigorosas e processos lentos no IMT, alguns proprietários chegam a questionar se conduzem um 4×4 ou uma nave espacial, tamanho o tempo e o esforço necessários para regularizar acessórios como o snorkel, o guincho e pneus de maiores dimensões Em alguns casos, as viaturas são apreendidas e levam até um ano para serem liberadas, com exigências de documentos difíceis de obter, como a ficha de homologação específica de cada acessório.
Muitos veículos 4×4 já saíram de fábrica com esses acessórios, como no caso da edição Camel Trophy do Land Rover Discovery 1, que incluía guincho de série. Ainda assim, os proprietários enfrentam dificuldades, sendo-lhes exigido comprovativos de difícil obtenção para cada adaptação. Apelamos ao IMT para que reveja estes processos, criando um regime simplificado para veículos anteriores a 2000, permitindo a informação clara e uniforme aos centros de inspeção e às autoridades fiscalizadoras. Para veículos a partir de 2000, sugerimos a criação de um processo simplificado de averbamento, no qual o proprietário possa responsabilizar-se formalmente pela segurança dos acessórios.
Esta simplificação é essencial para que esses veículos, que demonstraram sua importância e eficiência em momentos de emergência, possam ser utilizados sem entraves desnecessários. Que esta situação dramática que se vice hoje na região de Valencia sirva de alerta para a importância destes veículos e para a necessidade de procedimentos mais claros e menos burocráticos.”
Frederico Gomes
Presidente da Direção do Clube Land Rover de Portugal